segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

adaga

numa mão seguro a luz terna do amor, partida, pendendo um sorriso desfeito pelo prazer, na outra mão a adaga da traição, que fiz eu? na pressa de ter a luz para cegar, mortal beijo, funda ferida, sonho interrompido. Um espantoso morrer de gritos e tombos violentos contra a fidelidade e honestidade, seguras pelos fios das aranhas do medo, mortos que vivem os sentimentos em mim e em todos, eu sei, caí do mais alto das pretensões,ter das bocas outras palavras que não as mesmas que se querem ouvir, deixo atrás de mim um cheiro de carcaça morta de frutos pisados, de ferida aberta, uma ferida que sempre assim dentro dos momentos acenderá as portas fracas dos instantes.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

sentado


Abri a boca do rubicundo sol, a carne surgiu da fogueira das tentações, abro então a boca do amor e introduzo pelo meu punho, o braço, o conjunto de ossos que projecta o meu ser e como uma cobra o amor digere-me sem pressas, através do ácido cego da contracção dos meus actos, esta pasta amarelada pelo sol excessivo das tardes em cartas vazias cheias de promessas. Como quantidades de justiça enrolada em cigarros, trazendo ao meu respirar o rouco catarro da monotonia.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Gafanhoto

Sentei-me ao Sol, sob o Sol, sob a nuvem que tapou este Sol, sento-me e no meio das minhas pernas sob o meu olhar, encontro uma abelha morta na beira metálica deste assento vermelho, com os dedos empurro-a rumo ao chão, sem interesse pelo gesto prossigo nas minhas confusões que são apenas paciências, nós, alguns muito cirúrgicos até satisfazem ao olhar tal obra, mas é necessário. Este barco sob o Sol não conseguirá fazer-se ao Mar…continuando com estas amarras…o Sol incide, ilumina o chão, ali uma formiga encontrou a abelha defunta e após algumas tentativas de a levar às costas decidiu ser melhor leva-la ao colo, ainda a vejo, já distante do começo, vai, como quem leva nos braços livros, certa mas cuidadosa, já não a vejo mas continuamos, eu, a formiga, o assento, a abelha, a lagartixa sem rabo que me espiou à momentos e mergulhou por entre os buracos deste assento vermelho. Volto-me para os nós, alguns teimosos em não querer, outros deslizam sob os meus movimentos, soltando-se com a pressão, como quem solta os cabelos. Paro e não reconheço quase nada, tudo mudou em prol de palavras passadas, nem mesmo a verdade se serve nem a mentira quer já comer, em mim gera-se a revolta, o povo está exaltado no seu silêncio e quer saber se morre pelas suas escolhas ou se o farão essas mentes com iras, não há nada para se perder…quando assim já se sabe o que se tem e o que nos alimenta, não chega comer tem de ser comida, vivida e participar na sua morte, ali ao canto sob o Sol um som cadenciado com intervalos de ajuste de trajectória, está um Gafanhoto a pular para subir aquela parede impossível, ele no entanto pondera estas investidas a uma coisa que à partida já parece decidida, acho que o ouço dizer:
- Tu que estás ai e me olhas sob o mesmo Sol perguntas-te para que faço o que faço?!
Sou um Gafanhoto, pulo e mesmo sabendo que posso morrer aqui ao canto sob estas folhas castanhas a lembrar o que são memórias, faço, pois assim o consigo, não interessa falhar ou acertar, ambos são esforços, intenções, haverá pois a cadência dos sucedidos e aconteceres, haverá assim após o sucesso ou falhanço uma outra carta branca por escrever.
-Sou Gafanhoto e este canto talvez o meu caixão será até então o meu caminho opcional, eu sei que é pulo grande, talvez nunca o consiga, mas já o vi, já o tive, já dei o tal pulo de saída e já te vi lá em baixo sob o mesmo Sol que nos aviva o viver, a escrever e vejo-te também a um canto, a um outro canto a pular como eu e nada te digo sobre o que fazeres, faço o mesmo que tu, tu o mesmo que eu, o que importa é respirarmos como caminho as nossas escolhas.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O Probo (?)

O amor surge embrulhado num novelo de conceitos, ideias, pré-emoções
O ódio é outro igual, envolto em abstractos sentimentos contraditórios, o que é essencial é que haja um determinado atrito, sem ele teria escorregado no teu abraço ou não te teria sentido dentro de mim, já encostado a ti olho-te os olhos a dizer sem verbo: é isto viver?! É isto? Que é isto?
Dizes que sim ou sei lá, que importa no fundo a ideia ou conceito que temos ou somos do amor, do certo, em frente do jovem pelotão da acção ainda peço um milagre, não que falhem o alvo, mas que seja outra razão do que a do amor…porque o tive e agora foi…mas então o amor não é também cego?! Como a justiça não é?! Tapamos os olhos aos que precisam de ver mais, talvez tanto seja desnecessário, mas melhor, ver melhor, onde colocamos a realidade empurrada de ideias feitas nascentes de um mar confuso para gerar ondas, aquelas que vemos chegar, que ao pé delas pensamos que coisa enorme de se perceber, as emoções molham-me os pés mas recuso o mergulho, fico aqui continuando é claro, mas aqui onde tudo sempre acontece, um deserto dentro da palavra alimento, o que então nos alimenta? O sexo? O estado ionizado da consciência e consciencializar é ter, ter ou a chave ou a porta que importa? ter é uma desventura ter que proteger ou afastar quem proteja, a nossa vontade essa continua…ferida ou não, meia torta ou torta inteira, o que importa nesta abertura é só abri-la
Depois dela estamos sempre perdidos

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Carta sem selo

establecemos metas que nunca existirão, fortalecemos músculos
para a violência mental e fisica.
onde vamos nós com esta evolução dos objectos, do sentido de
produção, que labuta desnecessaria, que uso dos dias de vida,
que fazemos nós para viver neste mundo?
acondicionados....seleccionados...filtrados..e metidos em
pacotes ou inventos que nos levam e que nos trazem de volta a
um casulo que podre,insiste em se debater neste contra-senso.
que fazemos das nossas vidas? amanha seremos tão velhos que
só teremos forças para chorar um presente que sempre aqui
esteve.
e eu..pequeno fruto de um sonho,acordo nos dias dentro de uma
obrigação vendida a todos, incutida em todos...afastem-se das
cidades, dos inventos, principalmente das obrigações, a única
obrigação que temos não é nossa...é uma existência que não
nos pergunta se pode existir...ela é o nossso esqueleto sem
ossos, a vida coberta do seu contrário...a vida aparece antes
e permanece depois.

instantes infimos de tanto serem, de voltarem sem conta às
nossas mãos, distraidos somos, traidos pelos próprios desejos
e ambições, navegamos devagar de maneira hipnotizados que
chegados à torrente julgamos outra coisa ser,e continuamos a
julgar que nada nos atinge dentro deste julgar que nos molda
a seu belo prazer...quem por entre vontades só escolhe o
juizo...escolhe já por outro.
numa qualquer poça de lama avista-se o universo reflectido,o
germinar silencioso de galaxias que esperam por nós,
esperam por mim todos os meus eus, todos quem tambem não
fui...que viveram nas proximidades dos meus actos,outros
dentro das proximidades dos meus actos,e outros ainda a
fingir que não sendo, são os meus actos.
esperam por mim estes anjos e demónios, e por todos nós..uma
saudade de não ser saudade

Que se fodam

que se fodam os juizos
os juizes, os livros das lei
os fachos inuteis da vingança
que se foda a métrica da conversa,
o que entendemos ja la esta
que se foda a barbaridade invisivel dos actos
o silencio afina-se pelo barulho,
o que vemos ja la esta
o que respiramos ja se encontra,
esta revolução não tera manifestação de rua...estará em cada olhar,
a nova reação será ocultar a mesma até ao mais subtil, isto mesmo, quando os nossos sentidos são iludidos,
é perceptivel ouvir o sonho a mover-se
é cá dentro que não há separações,
esta revolução é para acabar connosco como um,
somos bastantes como as letras,
não somos diferentes ou iguais..somos unicos,
ponham isto na tola
escutai entao quem nos acorda quando sós

os cantos tecem o amanhecer, recompõem as falhas dos barulhos metálicos,
tecem a oportunidade visual,
ao reconstruir todos os prédios,as ruas,as janelas,o mundo
para possibilitar o acordar,a rede para a luz,
é continuamente refeita e feita novamente sem conhecer fim

RECORRO ÀS PALAVRAS

Umas secas, outras húmidas nos lábios, estas molhadas, outros lençóis
Estas unicamente aqui neste instante preciso…a ti a…ti…a ti.
Faz-me agora o melhor da palavra, escuta, eu falo, tu acolhes dessa ponta o relato imediato do que nos está a acontecer.
Eu falo e tu desbravas pelo manto solúvel da imaginação, e acredito que é tão importante senão o coração ter ouvidos como ter voz.
Vós o coração, eu o feliz batimento, em ti a vibração ecoa.
É com pontes que se fazem travessias
Esqueçamos as quezílias do passado ao eu.
Coragem para actuar sem julgamento, que nós não somos juízes, mas sim aprendizes.
Não um mas uma multidão repleta, concisa, tão junta como o ar, entre nós não há mais separação do que aquela que queremos criar, caso contrário era dizermos que só somos para nós, que assim todos, mas todos teríamos nascidos sós
Sem mãe nem pai nem parto
Mas tal não aconteceu, mas de facto este nosso acto já germina a revolução.
Basta uma brecha no escuro para nos chamar a atenção.
Aquilo a chamamos muro foi feito à mão, ora, embora não reagir ao que não acreditamos
E só, somente existir ao que somos
Sonhos exagerados, púnhamos o possível aqui in louco
E porque não!? Que mais fazer da vida? Não fazer nada?
Isso dá um trabalhão, mais vale saber que da mesma maneira que o vosso intelecto é o mesmo sonho que aqui presencio, tal como o som só se faz do vazio
Eu agora não falo mas oiço o mesmo relato, cruzamos e deixamos pegadas na realidade
Vivemos todos no mesmo quarto e usamos por vezes a metáfora como lanterna
E nós todos sabemos o que mais “É” nesta pequena sala, é sermos fruto, é a nossa troca das vozes pelos silêncios, é segredo, e eu a ninguém digo que vi a mesma estrada, a mesma árvore, a mesma abertura por entre a verdade e aquilo que é, eu também nasci ou há dúvidas?
Com ajuda decerto, mas os meus olhos, os meus olhos, fui eu que os abri!

terça-feira, 8 de junho de 2010

terça-feira, 4 de maio de 2010

sem(pre) tempo de Ser

descansa alma do cônscio
das mundanas chuvas da preocupação
acorda na consciência una
solta Agora todas as amarras do sentimento
e sobe à esfera superior
de ter tudo, sendo Nada

terça-feira, 27 de abril de 2010

a terra sabe...

Eu desmedido, sem volume expresso
Poderá ou pode, as palavras fazerem o mesmo que o sangue
Discorro em mim ou algo parecido
Com o que sou se mostra completo
E único na diferença
Esta procura já faz parte da parte
Que se tenta encontrar
Eu como início não sou o meu fim
E por vezes, agora senão muitas
Transmigro naturalmente ao meu intuito
Recolher a energia fulcral
Fazer do meu papel
Folha entre as muitas
Que constituem a Árvore da Vida


Divido-me quando não o posso
Quando o não posso
Divido-me
Sonho nos outros o que há em mim
E em mim o que já é dos outros
E eu nunca serei mais o ser que queria ser alguem
E eu sou ninguem
Ninguem!!!
Com todos os Eu’s, os Teus e os Deles
Eu a ser Ninguem

probabilis

Se acordei neste sonho
Ou se do sonho regressei
Não reparo neles a distancia que possa existir
Nos mesmos olhos ou a mesma “existência”
Transpira e continua a transpirar
Pela única pele conhecida
Toda essa que cobre o existir

Pedaços de mim são migalhas
Coisas em mim esplêndidas
No entanto migalhas
Recebo do “onde não sei”
Pedaços deste pão
Desconfio em mim, mesmo os grandes pensares
Gigantescos sentires que são indícios´
Por vezes desacreditados de algo
Que não sendo maior ou menor
Arranca dos limites humanos
A sua própria dimensão
Esses pedaços todos juntos
Condensados nos meus olhos
Avisam-me que isto é Luz

sábado, 10 de abril de 2010

Quero ir

quero ir
sem nunca ter ido
quero ser sem ter sido
queria pertencer a todos os foras dos significados
cansado de ver e ouvir
todas essas brincadeiras dos eus
parem com isso,matem-me de uma vez só
queria que parassem
com todas esas palavras gastas e bolorentas que a razão só sabe debitar
não vês, que eu sou apenas o que podes reparar como reflexo.
o teu reflexo, por mais que o estranhes é um facto
um teatro, um ensaio que nunca dará o pretendido
é que o pretendido veste-se do improvável
nascer afinal escolhemos..ó tanto que escolhemos que aqui estamos...iremos
na doçe maré da morte, que não sabendo ao que sabe...nem medo ou ventura
é uma luz que se acende e se desvanece
tudo isto em ternura

quinta-feira, 8 de abril de 2010

estrela polar

nada se move
apenas a minha inquieta mente
que não sobrevivendo em aguas profundas..tenta sempre a profundidade
ai chegado, a distancia adormecida...os nexos...amplexos
dobrar-se-iam em paralelos medos em actos colossais
medo é medir a proporção ao nosso desejo...
um sol é irmão de outro...terá concerteza familia
nada se move a não ser este ser inquieto que se acalma agitando...agitando...ouvindo por fim, o enrolar delicado da espiral deste pulsar...mãe!

descansa no fim de tanta guerra
repousa as tuas armas cansadas de apontar uma certeza esquiva
repousa e repara como no fim de todos os sons...permanece apenas o teu bater de coração
o teu bater de coração.

quinta-feira, 18 de março de 2010

em cadinhos

em cadinhos jorram mundos
dos meus olhos humidos
pedaços visuais de contratempos
vagas silenciosas
que explodem na minha mão
pensar é costume
para não fazer
já sabendo enfim onde estou
mexo-me apenas ao atrito da realidade

sábado, 13 de março de 2010

sexta-feira, 12 de março de 2010

gotas

engano visto saboreado e previsto palato
previstas as coisas, esquecidas as sagradas, induzimos a dormência ao que não dorme
em permanente alerta, o sossego espera o nossso convite, todos estão à mesa, os desalinhados, os autores, os famintos das dores, vinho do medo servido,expansões aqui tão nitidas de como o núcleo da mensagem é um engano assertivo, dizer-te com o que não digo, que fico, que fico a preferir este alambique silencioso, lento, de jorrar aos poucos o "coração"
não tenho pressa de razão, eu, que será isso? senão outra coisa!

de 100 decisões nem uma

o silencio fala na ausência de vibração
a vibração cobre a ausência de estabilidade
a palavra em distorção
a verdade não sabe
não precisa de saber o entendido
o medo corajoso abraça o amor
e chegam as monções
despido, vencido, no topo
pronto...estou pronto

segunda-feira, 1 de março de 2010

recados

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

copo cheio

Sorte puta
Cornudo azar
O bom e o mal
Os dois de mãos dadas
À nossa beira-mar
Pôr à vista, estas fugazes realidades a todo o momento
Gritos em razões, discussões em cabrões,
Que só optam por o serem, falta de motivo no uso da cabeça
Latas e latões todos aos empurrões
À volta da harpa dos sentidos
No escuro mas iguais no silencio, absolutos.
A fala (dis) trai-nos
Faz-nos ser quem não somos
O somos é a soma, a toma de responsabilidades,
Mas sem a porra das obrigações, uma resposta assertiva e clara,
O nosso respirar involuntário não precisa de aprender,
O nosso coração nunca foi vontade de pensar
Só de viver
Disso sempre
O nosso brinde!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

harpa vasati

alegrai-vos almas
porque as tendes...
e o mundo é feito delas
desfaz-se delas sem proveito
as almas mortas ou vivas
andam sempre por perto

respira, isso faz-te bem
ama, que isso faz-te melhor
insiste sem tocar, que é obra.
ter pelo menos lugar, à Loucura

fura sem deixar buraco ou fissura
bate forte sem som
incita mesmo o que perdura
mesmo, um segundo só

a ilusão da vida é a ternura,
de durar,
o sonho que quisermos ter
a verdade é a mudança
criança...a rir
como vós almas
quando vos toca a vida
lembram os loucos
a viver

uma porra qualquer

Frio
Tenho um frio de medo, de solidão bruta,
Abruptamente a escorregar por mim, e encolho-me a rir.
A casa, a casa sou eu, nunca precisei doutra, jamais terei outra, esta casa sou eu.
Celeste rodopio, ao amor, ao torpor dos sentidos, esta pele serve-me bem, este coração escravo de ninguém,
Os olhos os únicos ao relento,
Eu sob uma estranha alucinação descubro

Pontas unidas, razões dispersas dentro de uma consciência medonha de criar,
Faces múltiplas, pavor descanso, ramificações instantâneas, arcos, linhas angulares,
Um mundo que sempre esteve aberto e ansioso por almas...almas cruas, todas a mesma, sigo sem caminho, sem caminho algum, desmancho-me nos pedaços, nos encontros, nos pensamentos dilúvios ao enaltecer, ao ver todos os prantos dentro de um aflito momento, o tempo essa secura dos lábios, o tempo esse animal, o tempo que de mim já não sabe, eu imperfeito ajuste, desmedido acreditar…eu morro todos os dias, eu anseio, eu anseio e à minha frente descortina-se o grande pano...e as velhas pancadas são estas novas que oiço...
Que me importa agora os significados, e o berço dos versos, danço e não tenho ninguém à minha espera, não quero a liberdade, quero mais, o Nada.


Acordei morto de coração a bater
De morte ser apenas o riso
De entender, de acolher
Este finito sim
Isto!!! Só isto!
Esta tristeza é uma delícia aos sentidos
Sofro loucamente
Num só colapso
No próximo respirar
Eu sou, já outro
O contente por sentir
Que esta e toda a corrente...
Me leva para longe do existir.
E em mim há silencio.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

sangue cosmico

és tu novamente, és tu que se acorda onde o sono só parece eterno és tu incluindo repetidamente a vivencia, o estar, o saber de estar, o querer estar , o estar neste tempo, o estar dentro desse tempo intemporal, é só um aviso, um aviso ao caminho, o viajante é ele o seu caminho.
és tu que me acordas e me fazes acordar, e abrir dentro do abrir o gesto simbolicamente indescutivel, falas-me com a tua essencia, com aquilo que nunca se verá, porque querer isso? aquando da certeza rubicunda de uma explosaõ que sempre nos diz, por nós proprios que sim, que é isso e muito mais....

mastigar o dia

confuso alegre sou, desminto a verdade, assumo a instabilidade deste mundo meu desordenado e vazio de sentido,com um vazio que se fez direcção...a minha somente.
não descubro o que fazer, a realização é o meu travão, não quero nada, não exijo preocupação, morrer ou viver,voltar ou ainda por partir, que me diferença faz escolher isto.tudo vago e distante, tão fisico de enjoo, tanta palavra feito puta

no caminho nenhum

Surjo ao acordar com ar de pasmaceira,
Que faço aqui?
Levanto-me para mais uma muda de roupa, as meias, as cuecas já postas, o tronco coberto dá lugar á vez das pernas de se cobrirem, bebo leite que já não preciso e lanço-me no despachar de acertar as horas com o relógio que está sempre certo no (in) posto de trabalho, chego mas não o sinto, começo a manejar os braços nas direcções dos objectos que por esta acção reproduzem efeitos reconhecidos aos meus semelhantes, as coisas são feitas, são desfeitas depois para subir sentido, eu bracejo tecnicamente ao assertivo, mas reconheço o erro que se esconde, o dia irá escorrer por esta fissura até por intuito ou por ser horas de sair, acordo na rua a caminho de casa…Que faço aqui?
Vejo o vulto dos dias e encontro-me num outro tempo, uma outra velocidade, mais rápida no núcleo mas tão lenta olhando esta a que chamamos de Real, o erro avisa-me de onde estou, de como estou principalmente, como o ódio habita já em uníssono com o amor, os confrontos habituais fazem-se em festas e amplexos, esta pele que se estende até onde não consigo indicar, bafeja-me de tranquilidade envolta num turbilhão.
Que faço aqui? Pergunta-se este meu Eu, que se distrai, que se contrai aos impulsos, que se dobra aos impostos e semelhantes anzóis, Para onde porra! Qual o sentido?!
O “Aqui” sussurra-me: aqui não temos tempo para elaborar pensamentos, apenas preocupações, que aqui o processo é outro, em troca de uma distracção momentânea, através de um pequeno desvio que se faz estrada principal no transito dos pensamentos, aplica-se um verniz amplificador, um catalisador do desnecessário e tornamo-lo atraente o suficiente para passar por razão ou outra mistura que dê como resultado algo de aspecto fulcral, a partir daqui a merda é comida e a comida uma merda, uma escada-espelho de efeito isótropo.
Mordo a língua, tento aproximar isto tudo para olhar, para ter onde olhar, o para quê, de tudo isto, nuvens de responsabilidade a algo que transcende o absurdo, os pés avançam num decorado caminho sempre diferente, e num estender espumante de uma onda silenciosa, tenho o mar como chão, como céu, feito ar, para respirar para falar para calar também, um aqui que mudou de lugar, uma porra qualquer que não nos faça adormecer da verdade.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

festas

que se fodam os sorrisos impostos,os risos amarelos de vaidade, as festas da desgraça, o enpanturrar dos sentidos,a porra das manias de festejar a simples cadencia dos dias, e os outros que nos sobram??que se fodam esses tambem.
cornos e mais cornos e os cornudos igualmente,que se passeiam, que esfregam as hastes uns nos outros,e dissem bom natal e feliz ano novo.
punheteiros da razão a escorrer pela boca a seiva do amor, vão cortar pinheiros e arvorezinhas pra puta que os pariu, vão fazer o bem onde ele é preciso, vão cavar um buraco e mandem-se lá pra dentro e apodrecam com os vossos presentes quinados.
que se foda a comida farta das mesas,a ilusão ou intenção de tudo disfarçar, a miséria é vista do espaço, festas e festejos para nos iludir que o mundo esta imundo, de mortes precisas mas desnecessárias, de golpes mortais ás crianças, as crianças que morrem nos olhos presos à televisão, dos velhos encostados a um molhado banco de jardim, e tu meu irmão que fazes?
deslizas tambem nesse escorrega de sangue, nesta dormencia de pensar pela razão dos outros,neste hipnótico movimento de falsa alegria, a droga das drogas,o excremento em maravilha.
ou deixas que escoa por ti...a verdade!