terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Aquilo

ele quer morrer não vês! sentado algures na sua cadeira vazia de braços, de laços prendendo o Ser ao Estar, não vês, ele quer, ela não o quer, olha ao lado da esperança e vê, pensa que vê, o passado ser este presente ainda embrulhado, como foi o seu corpo no dele, o Sol virá, a flor estará cansada de erguer o perfume das horas, das longas horas comunicando em linguagem nova, mobília nova, sonhos novos, quadros ao pé da janela, daquilo, daquilo que os fez , mais do que poderiam desejar, mas a página virou-se, ela virou-se para ele e pelos rubicundos lábios que lembram o doce beijo dos anjos, ele morreu sem embaraços, nos braços de ninguém, ela virou-se para o lado da saída, aquela obrigada saída de continuar ainda por dentro, ainda tentando acertar  o olhar com o momento, os dois, como rios,  morreram nos braços do mar, desaguando carinhos, produzindo ondas, que perdidas vão penetrando na existência, de sentir a dor acompanhada pelo bater do coração, ele diluiu-se no calmo vagar das marés, ele quer morrer, não vês?! deixá-lo ir, a traição foi sua, sua agora é a vontade de não ter vontade alguma, o sonho foi o melhor, o mais sensacional dos sonhos, ele via-a,  ela não, ele morto, ainda se coçou uma última vez, preparando-se para o extenso caminho a seus pés, ele queria morrer mas não conseguiu, a vida afastou a morte, ele afastou os cabelos lisos da lembrança, de como ela dança, de como se lembra do seu nome, o seu nome rodopiando dentro do Tipi, espalhando no deserto o Amor, saindo pelo topo do Mundo, e eu que tudo vi, só isto acrescento.