segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Percorro as ruas de Montevideo ao mesmo tempo que percorro as ruas de que sou feito, perco-me e encontro-me, isto sucede-se até o passo concordar com o que vê, e o mapa desafiar a descoberta, esqueço-me de mim com um prazer, gosto destas ruas, das caras, não tanto de ver alguns de nós sentados ou deitados na rua, a pele escura do chão e o olhar longe, de quem olha de uma dor para outra, viajar na mente demonstra e abre as portas ao observador, encontrar o silêncio de cada alma em cada Ser, e em cada Um, a parte que nos falta sentir, sobe-me uma novidade já velha desta existência  universal...de não ser nada.
Isso é ser, não tudo, mas o que é, o que há...amem-se, amem, ama, amo sem autoridade.
Em todo o lado sossego de violência, derrubar o Ego requer uma luta sem igual, apenas o Ser sobreviverá, esta luta requer sangue e uma mudança certeira, como um ataque mortal, imagine-se então o campo de batalha, o Ego armado até à consciência, preparado a todo o custo para vencer, utilizando técnicas desconhecidas, sendo que o avanço revela novos golpes, assim esta luta será decisiva para o Ser continuar a levar a comida ao sitio certo.
o Ego é um monstro com a nossa cara, astuto e manhoso, esta luta será a única a fazer, o resto são arranjos florais que fazemos à vida, aqui na existência os gemidos são apenas acrescentos na voz...ou vida ou nada!
Sento-me num dos muitos parques que surgem nesta cidade, a musica clássica toca baixinho, os pássaros sacodem o seu corpo na terra penteando-se, as pessoas juntam-se para conversar e saborear a sombra das árvores, existe um local tranquilo para este ritual, os loucos, os normais, os Nadas também por aqui andam, como não vi eu isto em mim?!
estas praças, estes movimentos subtis do tempo a ruminar companhia, permaneço nos passos dos demais, e lá fora no espaço o Mundo gira, os planetas cantam e eu sou tudo isso, e eu sou todo esse nada.
Volto ao combate do Ego, as opiniões, os gostos, os pedidos infantis da vontade, tudo fútil, tudo material para a ilusão, o ar quente e abafado leva-me ao retiro como um outro animal qualquer
A trovoada acorda-me, o relâmpago desenha no céu a sua morte, o descarregar de toda uma cumplicidade, ali vou eu na chuva, lançado e sem parelha, a vida é uma solidão cheia de gente.

O desconhecido és Tu.

O que sei e sinto, as duas separadas, juntas, unas, são antigas como a luz das estrelas que navegam já antes do nascer.
O mar desaba nos meus ouvidos, lendo velhas marés de estórias de mundos aquáticos estrelares, ainda mais subterrâneo que a própria terra.
A águia desenha (imagino) largos círculos de entendimento, sei eu usar as palavras tão bem quanto ela percebe o ar?! Estando apenas o corpo a observar enquanto os olhos se passeiam nos meus pés, não consigo secar este lago de imaginação, que espelhado pelo Sol ou brilhante pela Noite, quando os pensamentos são pedras que lançamos, tentando prolongar o deslizar...o deslizar do imprevisto, na Areia estão as vozes dos calhaus, das rochas, das (quantas?) ondas que até agora (quando?) o Mar declamou, sei tão pouco deste conjunto, sei tão pouco de mim mesmo, que afinal o desconhecido, sou Eu.