quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

harpa vasati

alegrai-vos almas
porque as tendes...
e o mundo é feito delas
desfaz-se delas sem proveito
as almas mortas ou vivas
andam sempre por perto

respira, isso faz-te bem
ama, que isso faz-te melhor
insiste sem tocar, que é obra.
ter pelo menos lugar, à Loucura

fura sem deixar buraco ou fissura
bate forte sem som
incita mesmo o que perdura
mesmo, um segundo só

a ilusão da vida é a ternura,
de durar,
o sonho que quisermos ter
a verdade é a mudança
criança...a rir
como vós almas
quando vos toca a vida
lembram os loucos
a viver

uma porra qualquer

Frio
Tenho um frio de medo, de solidão bruta,
Abruptamente a escorregar por mim, e encolho-me a rir.
A casa, a casa sou eu, nunca precisei doutra, jamais terei outra, esta casa sou eu.
Celeste rodopio, ao amor, ao torpor dos sentidos, esta pele serve-me bem, este coração escravo de ninguém,
Os olhos os únicos ao relento,
Eu sob uma estranha alucinação descubro

Pontas unidas, razões dispersas dentro de uma consciência medonha de criar,
Faces múltiplas, pavor descanso, ramificações instantâneas, arcos, linhas angulares,
Um mundo que sempre esteve aberto e ansioso por almas...almas cruas, todas a mesma, sigo sem caminho, sem caminho algum, desmancho-me nos pedaços, nos encontros, nos pensamentos dilúvios ao enaltecer, ao ver todos os prantos dentro de um aflito momento, o tempo essa secura dos lábios, o tempo esse animal, o tempo que de mim já não sabe, eu imperfeito ajuste, desmedido acreditar…eu morro todos os dias, eu anseio, eu anseio e à minha frente descortina-se o grande pano...e as velhas pancadas são estas novas que oiço...
Que me importa agora os significados, e o berço dos versos, danço e não tenho ninguém à minha espera, não quero a liberdade, quero mais, o Nada.


Acordei morto de coração a bater
De morte ser apenas o riso
De entender, de acolher
Este finito sim
Isto!!! Só isto!
Esta tristeza é uma delícia aos sentidos
Sofro loucamente
Num só colapso
No próximo respirar
Eu sou, já outro
O contente por sentir
Que esta e toda a corrente...
Me leva para longe do existir.
E em mim há silencio.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

sangue cosmico

és tu novamente, és tu que se acorda onde o sono só parece eterno és tu incluindo repetidamente a vivencia, o estar, o saber de estar, o querer estar , o estar neste tempo, o estar dentro desse tempo intemporal, é só um aviso, um aviso ao caminho, o viajante é ele o seu caminho.
és tu que me acordas e me fazes acordar, e abrir dentro do abrir o gesto simbolicamente indescutivel, falas-me com a tua essencia, com aquilo que nunca se verá, porque querer isso? aquando da certeza rubicunda de uma explosaõ que sempre nos diz, por nós proprios que sim, que é isso e muito mais....

mastigar o dia

confuso alegre sou, desminto a verdade, assumo a instabilidade deste mundo meu desordenado e vazio de sentido,com um vazio que se fez direcção...a minha somente.
não descubro o que fazer, a realização é o meu travão, não quero nada, não exijo preocupação, morrer ou viver,voltar ou ainda por partir, que me diferença faz escolher isto.tudo vago e distante, tão fisico de enjoo, tanta palavra feito puta

no caminho nenhum

Surjo ao acordar com ar de pasmaceira,
Que faço aqui?
Levanto-me para mais uma muda de roupa, as meias, as cuecas já postas, o tronco coberto dá lugar á vez das pernas de se cobrirem, bebo leite que já não preciso e lanço-me no despachar de acertar as horas com o relógio que está sempre certo no (in) posto de trabalho, chego mas não o sinto, começo a manejar os braços nas direcções dos objectos que por esta acção reproduzem efeitos reconhecidos aos meus semelhantes, as coisas são feitas, são desfeitas depois para subir sentido, eu bracejo tecnicamente ao assertivo, mas reconheço o erro que se esconde, o dia irá escorrer por esta fissura até por intuito ou por ser horas de sair, acordo na rua a caminho de casa…Que faço aqui?
Vejo o vulto dos dias e encontro-me num outro tempo, uma outra velocidade, mais rápida no núcleo mas tão lenta olhando esta a que chamamos de Real, o erro avisa-me de onde estou, de como estou principalmente, como o ódio habita já em uníssono com o amor, os confrontos habituais fazem-se em festas e amplexos, esta pele que se estende até onde não consigo indicar, bafeja-me de tranquilidade envolta num turbilhão.
Que faço aqui? Pergunta-se este meu Eu, que se distrai, que se contrai aos impulsos, que se dobra aos impostos e semelhantes anzóis, Para onde porra! Qual o sentido?!
O “Aqui” sussurra-me: aqui não temos tempo para elaborar pensamentos, apenas preocupações, que aqui o processo é outro, em troca de uma distracção momentânea, através de um pequeno desvio que se faz estrada principal no transito dos pensamentos, aplica-se um verniz amplificador, um catalisador do desnecessário e tornamo-lo atraente o suficiente para passar por razão ou outra mistura que dê como resultado algo de aspecto fulcral, a partir daqui a merda é comida e a comida uma merda, uma escada-espelho de efeito isótropo.
Mordo a língua, tento aproximar isto tudo para olhar, para ter onde olhar, o para quê, de tudo isto, nuvens de responsabilidade a algo que transcende o absurdo, os pés avançam num decorado caminho sempre diferente, e num estender espumante de uma onda silenciosa, tenho o mar como chão, como céu, feito ar, para respirar para falar para calar também, um aqui que mudou de lugar, uma porra qualquer que não nos faça adormecer da verdade.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

festas

que se fodam os sorrisos impostos,os risos amarelos de vaidade, as festas da desgraça, o enpanturrar dos sentidos,a porra das manias de festejar a simples cadencia dos dias, e os outros que nos sobram??que se fodam esses tambem.
cornos e mais cornos e os cornudos igualmente,que se passeiam, que esfregam as hastes uns nos outros,e dissem bom natal e feliz ano novo.
punheteiros da razão a escorrer pela boca a seiva do amor, vão cortar pinheiros e arvorezinhas pra puta que os pariu, vão fazer o bem onde ele é preciso, vão cavar um buraco e mandem-se lá pra dentro e apodrecam com os vossos presentes quinados.
que se foda a comida farta das mesas,a ilusão ou intenção de tudo disfarçar, a miséria é vista do espaço, festas e festejos para nos iludir que o mundo esta imundo, de mortes precisas mas desnecessárias, de golpes mortais ás crianças, as crianças que morrem nos olhos presos à televisão, dos velhos encostados a um molhado banco de jardim, e tu meu irmão que fazes?
deslizas tambem nesse escorrega de sangue, nesta dormencia de pensar pela razão dos outros,neste hipnótico movimento de falsa alegria, a droga das drogas,o excremento em maravilha.
ou deixas que escoa por ti...a verdade!