terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Aquilo

ele quer morrer não vês! sentado algures na sua cadeira vazia de braços, de laços prendendo o Ser ao Estar, não vês, ele quer, ela não o quer, olha ao lado da esperança e vê, pensa que vê, o passado ser este presente ainda embrulhado, como foi o seu corpo no dele, o Sol virá, a flor estará cansada de erguer o perfume das horas, das longas horas comunicando em linguagem nova, mobília nova, sonhos novos, quadros ao pé da janela, daquilo, daquilo que os fez , mais do que poderiam desejar, mas a página virou-se, ela virou-se para ele e pelos rubicundos lábios que lembram o doce beijo dos anjos, ele morreu sem embaraços, nos braços de ninguém, ela virou-se para o lado da saída, aquela obrigada saída de continuar ainda por dentro, ainda tentando acertar  o olhar com o momento, os dois, como rios,  morreram nos braços do mar, desaguando carinhos, produzindo ondas, que perdidas vão penetrando na existência, de sentir a dor acompanhada pelo bater do coração, ele diluiu-se no calmo vagar das marés, ele quer morrer, não vês?! deixá-lo ir, a traição foi sua, sua agora é a vontade de não ter vontade alguma, o sonho foi o melhor, o mais sensacional dos sonhos, ele via-a,  ela não, ele morto, ainda se coçou uma última vez, preparando-se para o extenso caminho a seus pés, ele queria morrer mas não conseguiu, a vida afastou a morte, ele afastou os cabelos lisos da lembrança, de como ela dança, de como se lembra do seu nome, o seu nome rodopiando dentro do Tipi, espalhando no deserto o Amor, saindo pelo topo do Mundo, e eu que tudo vi, só isto acrescento.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tipi


Acordei dentro do tipi, na sombra quente da solidão, apenas
uma linha de luz atravessava o chão, traçando em luz a marca evidente de que
não estavas.

Devagar por entre a manta da esperança ou o desejo ígneo de
me seres em frente ao reflexo, a mais linda das partidas, apenas no ar a
fragrância dos teus cabelos, em mim, manadas de gritos perfurando o escudo e o
guerreiro, deambulando no fumo do sonho, esse mesmo que me come em cada momento
desperto, o sol avança, o espírito espreita pela abertura, o campo limpo de
sons, varre ligeiro o teu nome pelas colinas, transformando a terra em alma.
Passo por passo, lento mas intenso o surgir das figuras
todas num respirar, custa-me deitar o vazio cá para dentro deste mundo, tão
limpo foi o teu gesto, aquando dos meus olhos se depararam no teu
ser...perdi-me pela ânsia de ter na mão apenas o meu punho, seco, seco, como o
deserto do passado, aparecerá diante das minhas costas a única paisagem que não
verei...dentro do tipi, não está ninguém.

A hora do vento chegou.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Vela Furada

Capaz a vida ser um sonho, e as acções pequenos adormecidos retoques sem intenção.

A febre ataca-me, eu levado por ela, entendo a frágil condição, recupero sem causa o estado aceitável, saudável, apto à labuta

O coração é hoje cabeça, e situam-se acampados às portas da consciência, num cerco sem enganos, todos ou poucos dos pensares, julgo-me prisão, prisioneiro dentro ou fora.

Tudo isto é uma prisão sem porta, assim uma escapatória irá dar a outra, a liberdade a uma prisão.

O pensamento é um rio, ou se atravessa, ou se mergulha nele, não interessa o que vai nessa razão verdade, nada se compara ao nada de tudo.

A morte é uma representação física, das pequenas que vamos experimentando, adormecemos confiantes do acordar, morremos ali sem saber, nascemos em cada acordar, não sabendo deveras se somos o vivo ou o vivo do morto, cambaleamos rectilíneos nas ruas estreitas, avenidas a fingir dimensões de espaço, somos pequenos, pequenos, pequenos momentos, nem me lembro de respirar, nem me lembro de aspirar tal coisa, sou induzido, tal ferramenta de uma mão desconhecida, lá me governo ironizando a democracia, conceito feito armadilha, nós pequenos frutos, engraçados de observar, mas nós, somos apenas humanos e não outra coisa que exige atenção pela espada fria da presença.

Humanos não sendo inteiramente a palavra, nem o imundo passará a Mundo.

Nem a verdade saberá o seu nome, nem nós saberemos o que é op controlo, a contradição é o espelho que utilizo todos os dias para projectar as dimensões mais cómodas ao cônscio digerir, as esquinas, ruas do meu existir, objectos acrescentam-me valores, modificações mínimas que demarcam pela lenta cicatrização.

Os objectos colam-se ao meu dia, sem eles acho que às vezes não existiria, todo este corpo seria uma paisagem vazia, uma menos valia ao Ter

Nem acrescentos nem palavras, nem beijos doces amoras, nem dor ou doença, problemas de cabeça não são demência, nem saber controlar o riso numa desgraça nem delas deixar de rir.

Educados ou estimulados vai dar na educação ou estimulação, por condutas antes regras sem lei, educados como gado, coisas estreitas fazem pressão, e inchados por tanto disso, disfarçamos a dor, assim como assim, se morrermos todos vamos, mais vale ir a rir de tanto disparate.

Silêncio que eu sou só, vazio apenas pó, única vontade de um cônscio que julga estar só, isto são braços, assuntos pendentes, coisas que o falo assinala com tesão, eu falo entre dentes que não sou…mas sou!

Aproveito a comida e a comida aproveita-se de mim

Chamar-lhe-ia uma permuta, mas nada é meu, apareci da cartola e à cartola regresso, pela mão da magia sem mágico

Pela solidão que não existe sem nós, está o mundo só?!

Estás tu inominável tão só na grandeza insondável, tanto do ínfimo como ao contrário conceito, que do mesmo tamanho nome diferente?!

Estás tu Deusa-Mãe assim tão ausente de toda esta gente, aqui não há ninguém que não seja o seu contrário, enche a coragem de sangue o coração, exalas tu o ar, armas e armas no chão, farto de matanças, de crianças que não o são, farto silêncio que ninguém grita:

Vão se lixar, merda silêncio! Ajuda-me a esperar o correcto contra-tempo, de escutar, de falar com o ser completo, mesmo que seja fragmento a fragmento

Pergunta-me respondendo, responder-te-ei perguntando

Quem somos Eu?!

segunda-feira, 21 de março de 2011

amar go

Tens para mim o que me serve

Tens que me sirva o que te serve

Serve-me então na mesa o teu manjar

Dá-me garfo e faca,

Dá-me mesa e onde sentar.

Vê-me agora ingerir…vê-me ingerir no agora

O doce amargo sabor,

Da madrugada.

Sombra nocturna

Ao luar ninguém me chama, pois não tenho nome, não há chamamento para mim, recebo na mente explicações que carecem de fim, defender cansa tanto como atacar, defende-se o que? Na noite adivinho o subterrâneo dos seres e sei exactamente o que almejam é o mais pequeno dos poderes, o ter, o consumir, o disfarçar uma alegria através de consumos, entregues, oferecidos, deixados ao abandono às mãos de um parasita etéreo mas perigosamente cíclico, o tempo é a distancia do dia em que nascemos ate ao dia da nossa (minha) morte, sem a morte creio que a vida seria uma recompensa injusta, porque não aceitar a morte como aceitamos (tão despreocupadamente) a vida, as letras, as palavras e soluções estão na atenção da percepção…a comida à boca, a boca à boca, o beijo, o toque, a aliança, o saber do sabor, o prazer que vai dos lábios ao corpo à mente à consciência e ao vazio, que é onde tudo vai parar, pois (se opcionalmente) levarmos para o cheio, ao uno, ao imenso, isto tudo dir-nos-á o mesmo…ao vazio ao pleno.

Escrevo símbolos de símbolos em equações líquidas, eléctricas, químicas…eu percorro em mim o maior dos mundos e ao mesmo tempo o mais pequeno, termino sem reflexo ao espelho, ao luar tudo cresce entre a habitual penumbra, choro apenas lágrimas, não há choro para mim, como também não tenho nome para se repetir até à exaustão somente o corpo, lapidado está o futuro dos que não lutam lutando e dos que não lutando têm a maior das guerras.

Ao luar o ouvido cresce até ser a copa de tudo o que vejo, e contrariamente ao que sinto, sei que o que sinto são também palavras, prosas, bússola a outro sentido, transforma-se então o sentir em sentir lógico em sentir comum em sentir prático em sentido e pelo sentido de sentir, atravessar por aquela velha estrada onde dizem ser proibido Ir.

de pois

Depois de sangrar

Depois de gritar

Depois de atirar

Depois de me matar sem sucesso

Depois de ferir sem sexo

Depois disto tudo

Descanso por momentos a minha luta

Depois fica o quieto sentir, uma vida vazia, uma flecha sem arco, uma arma sem alvo, fome sem boca ou boca sem comida, divago já longe depois de sofrer, restam-me pedaços pequenos de prazer que utilizo como roupa e calçado, neste meu caminho fragmentado.

Palavras de tão fortes marcam severamente a fraqueza estrangeira, apetece-me largar esta pendente esperança, queria desfazer o duelo da minha dualidade, que mais é feita de preconceitos do que verdades, já a verdade é feita de mentiras, haverá então coragem sem medo? Amor sem ódio? Morte sem vida?

Não há dualidade, isso apenas somente ocorre aquando se defende em nós o ego desprovido dos membros que somos nós.

parede quente

Através das paragens, reparo na textura nova destes sentimentos, uns já experimentados outros presenciados numa esfera sem fim, sem memória de começo, sem saber vou degustando o desvalorizar do valorizando, enfrento apenas com receio de não repetir, a montanha já russa de ser usada, da onda apenas encontrar o corpo, não a memória.

Tudo novo como nunca deixou de ser, luto em frente ao espelho, todo ele medida, eu, alma vestida, roupa igual, trocamos olhares divergentes, parte-se no plano espelhado a indiferença e banho-me dos pedaços, agora inteiros, a minha fragmentada imagem repartida também nos espaços vazios onde a luz não encontra via, contudo o morno silêncio da distancia murmura especialmente a cola de nova tentativa.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

abrigo

Vejo...tudo passa,tudo transmigra para um outro eu, outro tempo
os meus pensamentos vivem e sinto através do meu corpo e sentidos, ecos do que foi...nada meu.
Sentado ando pelos meus, outros campos, onde a voz recua
A a chuva que cai sobre a pele, eu estou sempre aqui, vendo a minha pele molhada, eu permaneço seco no abrigo da consciência.
mesmo o que não sou,vou o sendo
mesmo quando sou querendo
noto sempre que as ondas
voltam todas ao mar
tal como eu,sendo
retorno ao não ser
quem sou,não o penso
quem penso não sabe ser

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

U Que Fica

Fusão entre letras, voz e imagem.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Indo Sendo

Não há nada que já não seja uma paz distorcida da paz sentida...pensada aliás

Transmigro já na volta do que fui

Estou então onde nunca estive.

O Balanço Já não leva nada que não fosse balanço do que tudo começou

Condenso desajeitadamente o Universo, que conhece mudar mundo em mundo, sinto como um vulto que não alcanço a origem.

Apanho-me nos fragmentos negros, juntos, a sombra do que fui, sem margens,

O meu prazer nunca é sem dor.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

MENTIRAS ANTAGONISTAS

Como a arte com os dedos mindinhos, coisa leve e fina, trinco-a pelas perninhas da adoração e engulo de uma vez só o corpinho frágil deste molusco que habita o consciente perfeito fogo.

Qual arte? Qual artista?!...representações talvez todas defeitas dos efeitos, qual melhor ou superior, julgar isso dessa maneira, traz ao demente recordações alheias de ter cheiro a lucidez que usaste apenas como perfume,

Artista devoto à inspiração, faminto sem alucinar o mundo.

Não permanece qualquer eu, o artista sozinho seria condenado a esconder as suas ditas próprias criações de si próprio, por fim acenderia a fogueira das vaidades e com isso sobreviver uma noite mais, ao relento que seja das estrelas que caindo no olhar não encontra poiso de dormir a vida.

O artista é um tonto que não cambaleia no trilho gasto da ideia de criar, para ele o instante morde inteiro o desejo...a arte vomita o que o artista comeu…ou o que comeu o artista, assim lembra no chão a terra para dela o céu,

Entre ambos navegamos Ò esperanças, Ò tentativas de atravessar no rio o mar, na certeza de ter sido a arte o artista…a vida apenas ar no ar, o sonho a porta desta casa sem rua, sílabas pedra vidro ígneo do verbo, o ar-tista é um fôlego que repete incansável a mente em reparar na envolvência do manto, o acaso.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Meio Dia

Meio dia de sol, os passos desmedidos pela saudade de regressar, veste no andar tecidos níveas transparentes que transbordam no olho simpático o amor, larga o cordão hoje gasto de nada agarrar no extremo de uma esperança que não vê cores no tempo insistente em tocar um sino que já ninguém ouve, meio dia de só faltar meio dia para esquecer que um dia existiu, para trás nunca há nada.

Machado Sorridente

Escorrega na minha mão o machado sorridente da fúria, do ódio ser a mensagem tão bem percebida por quem a usa, escorrega este machado sem ter decepado os corpos translúcidos da podridão a contra-luz, contra o muro da contenção jurídica, aglomerando o sangue agora sem dono, escorrendo pelas fissuras doces do tempo.

Tempo limpo por horas de dores de gritos que nem o mocho da noite, ele também cansado de deitar pistas nas pistas das provas encobertas por descobertas fracas de parecerem elas, elas que adornam o juízo do comportamento normal, de ser normal adentro do absurdo que ela só por si…representa, se representa nunca pisou este palco que piso eu, de machado a escorregar ao chão sem ter feito o longo e alto gesto em silêncio, e percorrer num assobio apressado pelo espaço que o tempo abre...abre o machado sorridente no corpo, a divisão do concreto, que rebola desengonçado o ridículo.

o ciclo não se quebra, haverá sempre um filho da puta muito igual a nós, que merece tanto a comida que caga como a vida a morte, nascerá com o espaço aberto no tempo das oportunidades, do poder apenas ser, o que se impõem aos outros, poder é contornar as leis silenciosas do intelecto não do que é humano, mas propriamente do que não o é, poder, é poder calar as bocas até se preciso for de comer, de modos diferentes se calam muitos, uns por que discutem, outros porque iludem escutar, e entre o dizer e o que só se diz, vai a distancia que a fome sempre resolve.

escorrega por entre as minhas mãos o machado sorridente de sonhar matando todos os podres do tempo existente, ri talvez de mim por não erguer o seu reflexo à goela da ignorância, mas matar conceito por conceito é substituir os dois por um novo, ri talvez por saber que não sou capaz, matar apenas para resolver não é cabido, ri talvez por mim, vendo-me triste de sentir o hipnótico ver, mundos vaporizados segundo a segundo como nada fossem para quem os vive, destruição é criança que avisto nos actos pendurados dos homens que são mulheres também, o sexo é angelical nestes assuntos...quem comer desse conceito arrisca-se a um estado de azia permanente perante a carne.

ri talvez por ser a minha mão e não a minha vontade que o segura

e ri eu sei, de mim.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011


empurro memórias redondas de prazer, na palma das mãos memórias do teu ser, empurro histórias e poemas de um verso só...nesta superficie o mundo cresce sem saber, empurro os limites os tiques de temer, empurro a liberdade para o lado da revolta, haja pois revolução, tenha eu na escuridão não luz, mas tacto.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

sina pse


o mar borbulha solidão, vagueando o meu olhar, um galope ondulatório das horas vazias do meu descontentamento, prego-me numa outra cruz, a imitar o sacrificio, o sol vibra, ganhando cores rubicundas, existe nele a cara suave do teu brilho, que mergulha na linha do horizonte, temporária, impressão que tudo morre e desaparece, quando fica o teu transpirar, as nuvens beijam-se aumentando em mim a pesada espada do desejo.