segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

adaga

numa mão seguro a luz terna do amor, partida, pendendo um sorriso desfeito pelo prazer, na outra mão a adaga da traição, que fiz eu? na pressa de ter a luz para cegar, mortal beijo, funda ferida, sonho interrompido. Um espantoso morrer de gritos e tombos violentos contra a fidelidade e honestidade, seguras pelos fios das aranhas do medo, mortos que vivem os sentimentos em mim e em todos, eu sei, caí do mais alto das pretensões,ter das bocas outras palavras que não as mesmas que se querem ouvir, deixo atrás de mim um cheiro de carcaça morta de frutos pisados, de ferida aberta, uma ferida que sempre assim dentro dos momentos acenderá as portas fracas dos instantes.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

sentado


Abri a boca do rubicundo sol, a carne surgiu da fogueira das tentações, abro então a boca do amor e introduzo pelo meu punho, o braço, o conjunto de ossos que projecta o meu ser e como uma cobra o amor digere-me sem pressas, através do ácido cego da contracção dos meus actos, esta pasta amarelada pelo sol excessivo das tardes em cartas vazias cheias de promessas. Como quantidades de justiça enrolada em cigarros, trazendo ao meu respirar o rouco catarro da monotonia.