quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tipi


Acordei dentro do tipi, na sombra quente da solidão, apenas
uma linha de luz atravessava o chão, traçando em luz a marca evidente de que
não estavas.

Devagar por entre a manta da esperança ou o desejo ígneo de
me seres em frente ao reflexo, a mais linda das partidas, apenas no ar a
fragrância dos teus cabelos, em mim, manadas de gritos perfurando o escudo e o
guerreiro, deambulando no fumo do sonho, esse mesmo que me come em cada momento
desperto, o sol avança, o espírito espreita pela abertura, o campo limpo de
sons, varre ligeiro o teu nome pelas colinas, transformando a terra em alma.
Passo por passo, lento mas intenso o surgir das figuras
todas num respirar, custa-me deitar o vazio cá para dentro deste mundo, tão
limpo foi o teu gesto, aquando dos meus olhos se depararam no teu
ser...perdi-me pela ânsia de ter na mão apenas o meu punho, seco, seco, como o
deserto do passado, aparecerá diante das minhas costas a única paisagem que não
verei...dentro do tipi, não está ninguém.

A hora do vento chegou.