segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

sem o ser

Ando a perguntar ao real se o é
a mim se o sou
ninguem responde
será isso a resposta?!
mereço isso?! deixo-me cair como folha, como pó, algures irei dar..
damos como certo o inevitavel, e nunca o acontecer espontaneo e livre do julgar
abrigo-me da trovoada
no despido lugar
eu sei...se não sou a entrada
sou o que entrou
e assim brinco-me
ando na gandaia do mundo
choro..e porque não?!
se posso, se me posso a isso
agarrem-me apenas o corpo
pois eu sou praticamente
etéreo.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

despiste

ajeitou um pouco á esquerda a sua visão e foi rodando sobre si ao ponto de a sua visão ser ampla e em todos os sentidos, e não esquecendo o sentido para dentro, Caifundo não só se via, como era outra coisa que sentia o que via, era um monte formoso que dava aos vales, aos riachos, ás sementes, aos primeiros pingos de um grande diluvio.
era um meio estranho e peculiarmente mexido, mesmo que surgisse na mais estática das existencias...haverá disso?!
e isso era diluido na verdade tornando-se imediata de anti e pró significado e tudo sorria com a tristeza, assim percebeu outro despiste de que voltava, continuava a chamar-lhes despistes mas era o oposto, era um voltar ao caminho.
após o despiste´, o retorno..a dualidade..as duas rodas da sua cadeira, suportes, um mundo de suportes.
sentiu o sol entrar na sua pele e espalhar-se pela sala agora iluminada, e á vista todas as coisas da luz...nós, os outros, os objectos e nós de volta.
tinha convidados...alguem ou alguns, uns ou umas, vinham agora em sucessões, como visitas como realidades feitas de outras.
os seus sentimentos materializavam-se e adquiriam volume e forma...de maneira a ser visivel, todos festejam e choram
- Devem ser coisas minhas...acrescentou a União das coisas, sempre orgulhosa e angustiada, ansia própria da mâe das mães.
A compreensão chegava de manso, era sempre ou fazia por isso, de se atrasar, recorrendo ao lado meticuloso do sentir a mulher dos seios invulgares...pois acolhia-os a todos, a todos sem expeção ou com alguma dela.
quando Caifundo percorreu a sua imagem pelos olhos dos outros, pelos seus apareceres em todos os presentes e viu-se na cadeira de rodas aberto e sentido...
Deram as boas vindas á Compreensão que agora fazia sentir os seus efeitos...porque se sabia por todos e nunca de um só..mas foi a de um só que fez Caifundo aqui Chegar

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

o som...
a frente cristalina da imagem auditiva
a luz...indo e vindo sem laterais
vivemos este mundo em suposições,
em cálculos de médias imprecisas na localização do sentido
Mares inteiros afunilam-se...o fluxo dobrado das marés
tempestades direitas, paredes giratórias do Achar
perdi-me no certo de errar
e são agora as portas
buracos de fechadura

parte fina

ando numa camada dúbia da passar os dias
adormeço no dia e ando sonâmbulo na noite, mato-me deliberadamente de olhos abertos
o amor trancou-me por dentro e com a chave no bolso esqueço-me que existe uma porta
lentamente aproximo-me da distancia para com os outros
e do mesmo modo afasto-me para mais perto da ilusão
estico até perder volume a minha co-consciência

dispersos

Mais sentidos?

Eles juntam-se, criam outros e imaginam outros tantos, não há sentido para isto, não poderá haver!

Só se e somente se o sentido for o nada.

Abro-me lentamente…

Que acaba por ser uma escolha

De sentir por esta abertura pequena

O escoar de uma eternidade.

Vivo livre na tamanha expansão do meu ser…

Mas tudo ao meu toque é uma bola de sabão.

Prossigo nos dias, sem saber mas sem temer.

Sou justo e cruel, gentil e rancoroso

Não me julgo demais, e tento não subjugar ninguém.

Espero andando que a vida disponha do meu ser