quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
pulsar
domingo, 14 de dezembro de 2008
Malmorto
Afinal de contas Malmorto já não sofria por gozo, ele era gozado pelas suas emoções, que o consumiam sem penas ou misericórdia, pegou então na parte mais quente do seu pensamento, um jubilo com cheiro a mofo, os sentires já vinham embrulhados, disfarçados num gosto que ele conhecia dos tempos do xarope com sabor, aquando das enfermidades.
Nem uma e unica emoção o atingia em primeira mão, Ele desconfia...que mesmo optando e levando a vontade às acções...parecia que apenas escolhia o oferecido.
No Entanto “Malmorto” era o conteúdo e vontade de “Terceiros”, estes “Terceiros” serviam uma grande empresa, ninguem os via, e se apareciam não se apresentavam como “Terceiros”, nestas alturas, como o perfume grande demais para se resumir por palavras, quando questionados, respondiam:
-Eu!!!
Malmorto era um país invadido, um escravo que podia comer o que lhe mandassem comer, o que lhe colocassem no extremo da linha com que pescava, tardava a sua crua alegria que nunca viu.
Em luta germinava...coisa ainda por dizer.
Os “Terceiros” alegravam-se com o seu sucesso, o seu fácil progresso, que logo, o tomaram por bicho de estimação, acarinhando-o com um nome, o de “Malmorto”.
Por parecer como os outros, lento, absorto, espelhando uma inanição prolongada, um vivo com tiques de morte, um mal-morto.
Este tinha-se mostrado mais vivo, mesmo subjugado, merecendo por parte dos “Terceiros” uma celebração. Este era sem duvida o mais carismático de todos os seus anteriores, que por não mostrar aquela angustia que é normal dos vivos, de consciencializar a perda da vida por uma perda maior.
Portanto, “Malmorto” tinha um nome, um nome que não se dirá!
Ainda agarrado à parte mais quente do sentir, e mudando lentamente a tensão...apertando esta estranha primeira vez, proferiu com a mão em fumo quente, pingando sangue que já foi corrente....
-“Malmorto” sou eu?!
Aqui!!! Neste ponto...os “Terceiros” gelaram toda a sua emissão, contraindo-se atomicamente, mirrando nos seus gritos, confusos, de tal emoção ser dita nas palavras que nenhum dos “Terceiros” escolheu. A sua obra-prima tinha-se tornado a sua própria guilhotina.
Ainda em agonia os “Terceiros” procuravam uma resposta para toda esta traição, inesperadamente algo familiar aconteceu, algo que sendo novo, fosse, já seu.
E ainda antes de serem o que nunca foram, os “Terceiros” aterrorizaram numa eternidade etérea, própria do esquecimento, que mesmo esquecido o É, no pensamento uma parte.
No mesmo instante, o nome do que usa “Malmorto” suava ao calor escaldante da parte mais quente do sentimento, o sangue, o fogo, a dor de sentir a mão.
Em primeira, a sua, em segunda, a primeira, a voz que lhe saltou de uma nova altura, no instante que pousava sobre a mesa, a ponta mais quente do que sobrou desta luta desigual, de se julgar que se é, com aquilo que se pensa ser, sem notando que esta ultima, é produto, está feito, já fabricado, que vem já simulado de Uno com a vontade genuina
“Malmorto” tinha reparado em si, o que viu Ser, uma peça controlada num jogo sem regras, a parte mais quente de um pensamento, aproveitado por “Terceiros”, implacáveis no seu desmedido interesse de tornar o livre Fluxo em anda-mento, espremendo apenas o necessário para a boca do faminto.
“Malmorto” ou o Nome de quem o É, apenas o foi para os “Terceiros”, que com a sua vaidade de existir aos ombros de uma sombra, uma voz que não a sua, escoaram pela garganta áspera da manipulação até às margens da loucura.
O que agarrou a parte mais quente da iniciativa, daquela tão fingida emoção criativa.
Queimou-se por continuar, continuou a queimar, até saber por si, que nome, o nome que tinha.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
invasões
saber que soube tudo isto
um travo de doçe no picante
do que fui...uma nesga d'alguma porta
que não sei em quais dos sentidos ficou
dai a paragem temporal,quando anos mais tarde, a saber o mesmo, o questionei outras vezes.
até que a mesma voz se tranformara num qualquer marco
um aviso sobre o visado
às tantas, miraculosas visões num baralho de cartas...
potencialidades empregues ao momento,às tantas hà de mesmo,como o crer, tantas variantes sobre a equação, passou-bem solitário sobre nós,os mesmos.
em falta de espaço unifica-se, comprime-se,entre o pequeno e o ter que empurrar em primeira pessoa a cura para dentro, tão finos os há que entram como o som, serpenteando timpano afora, já o poro é largo demais para se defender das coisas minuciosas que óspois pensamos que somos nós.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
ensurdecedor urbano
Uma baixo mas constante empurrão
Um entorpecer dos sentidos, um emaralhado de maestros ambulantes
Freneticos e avidos de participar na grande melodia urbana
Propagandam o fim do silencio, e votam todos a favor hilariante ao ódio
Ferimentos que não se vê e gritos que assobiam..
Martelos ambulancias,pedidos de socorro em caras civilizadas,todos no trambulhão da pequena mas cortante onda....um lamurio que não se entende,não é percebido.
Vidas levadas num rio demente estático, e de repente, tudo o que não se ouve,fica diferente
E paro contemplando o desfolhar das arvores...o pequeno instante que se estende
E perco-me em novos e brilhantes sons
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
estupido eu
Estupido eu
quando me apercebi
que o desfraldar dos lençois vizinhos
que a sombra do estendal faz no prédio
da planta que consigo ver, a unica a sair do padrão da escadaria
Eu estupido, de deixar-me reconhecer como eu
de saber que tambem sou o que vejo!!
de ser o que vejo...mesmo cego
mesmo cego vislumbro, alucino na pachorra do momento
e se quero ser alguma coisa é de ser nada
e vaporizar-me das mentes vizinhas
somos assim, o que vê como o que olha, o que é visto
e arregalem os sentidos, porque é isto de que nos valemos, dos sentidos
de uns olhos que não vencem a escuridão
de uma escuridão que não sabe se a vimos
isto agora, é fruto de cada um de nós, isto é singular!
tal como a planta que quebra o padrão do prédio
tal como as nossas perguntas, que são tambem
as nossas mais que evidentes respostas
se com a vontade conseguirmos, passar sem perder a vez
ao qual é para nós importante
de quem...de nós importamos,
que não sejam as palavras sem resumo ou sermões em sintese
quem sabe sabe sempre ou deveras em maioria
reservar na ausencia de palavras o mais forte das palavras
o silencio é a silaba mor
e a esta todos, e todos se calam
pois para saber disto, há que ser isto mesmo
e a vós mentes conturbadas
esse é o sinal de que todos esperavam
a voz em atitude
isto, é o que tudo faz.
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
ocaso
acordo numa solidão beata
no escuro claro de quem vê a sua alma perdida
encontro a diferença real que abafo com os meus consumos
virando do avesso a juventude, e perdida a confiança dos amores
finjo-me preso, acordo de mim.
quando tudo me contraria...livre da liberdade
morro satisfatoriamente acordado
mordendo um odor
o tempo coça-me as costas, eu agradeço
vou pela mão, não do tempo, mas de toda uma natureza que não se importa
como sou.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
janela e mente
quando o sol bate
a ignorancia vai
o desmembramento é simultâneo
quando o sol vem
dispo-me do ego que não sou
e valente ao mais temerário
corro em cadeira de rodas
grito em favor de mais alguem
pedinte do que há fartura
entrego o que já é nosso
cobrem se com plavras atrás de conceitos
até estes, tambem se desnudarem,
provocarem a novidade
aqui cabem uns tantos..de quantos haja
quando a vida é..abrimos janelas
mar
mergulho no oceano e deixo de ser a pessoa, o ser
deixo agradavelmente tudo para trás
e rodeado disto, desta raiz liquida a que me ofereço
aumenta-me, preenche os espaços vazios
nesta ondulação permanente, sinto o silencio, sou a quietude...sem a ser
participo desta vida com a minha
prevejo pelo vazio todo o conteúdo, e cada vez que cresço
caminho mais para a minha meninice, e salgado sentimento este que me faz vibrar
me dá a paz de nem de mim me esquecer, de me evidenciar, de sentir-me anulado
pela vã tentação de me existir
e rodeado em completo, morro para renascer
repetidamente até à não-presença de sempre ser
o eterno e imortal é Aqui
espelho de cidade
delicadas flores, pessoas
amanhece entre os sons da loiça, das cadeiras puxadas por tantos
sou o contente, o pacifico, o melhor de gente nehuma
o inócuo das palavras agudas, o local de impacto na mente é inacessivel
para a razão.
não está mundo!!! é a fossa do julgamento, estou ou estamos atolados de pensamentos feitos emoção
e este choque de ilusões faz em nós a realidade podre do medo de viver numa segurança sem chão
numa vida sem dono
desta vez....
acorda uma vez só na vida
verás pasmado mas sem entusiasmo
o verdadeiro que se explica
vais sorrir dentro do choro
e tuda a dor será apenas
um vento que passou
e tu...o imenso que Agora vem a caminho
domingo, 6 de julho de 2008
sexta-feira, 13 de junho de 2008
dispersos
As importâncias em veias
A vida em pavio
Aproveitem as velas
Deste barco que partiu
É pouco, é muito pouco importante
Matar mais que viver
Encostado ao branco
Eu sirvo de contraste
E como outra coisa qualquer
Eu sou sem saber
Um dos presentes
Demoro tempo a regressar
A voltar a uma esfera à qual me falta vontade para ficar
À qual me puxa naturalmente
Sofro, não mais do que estar mal
Aguento como de leve se tratasse
Todo este peso dos dias.
problema 100
O problema bonito
O fruto seco
O mar revolto
O é não ser o que deve ser
A realidade elevada…por estar tão vazia
Tão leve de verdade
O problema bonito
É sempre um olvidar
Uma troca de permuta
Quando o perfume é desculpado
Por não o ser
O problema bonito
Somos nós
Que estando vivos
Temos problemas na vida
Na indecisão obrigatória de respirar
Já morto e enterrado
A vida é loucura
Não disso que se vende
E a imaginação que se aventura
Passa pelo idiota ao inteligente
Desligando ou não ligando
O que nos tortura.
para-ser
Fecho os olhos quando ando
E vejo tudo o que eleva o interior
E agora ao contrário dos impulsos exteriores
São estes levados na enorme força para dentro de mim
E aquando deste acontecer
Diluo, dissolvo-me e deixo de ser
Para o não-ser o conteúdo
Mas sim o que alberga
cabeça-dada
Quando as ilusões descambam numa só
Rio mansinho em tom de loucura
Fico numa só imaginária
Clarividência reconstituída
Resume-se a um total esquecimento
A algo que fica na memória/existencial
Sem que façamos força para lembrar
Posso assim, podemos todos…fechar os olhos
terça-feira, 27 de maio de 2008
molde liquido
A minha passagem etérea nalgum rio, faz subir a lama depositada no solo
Assim como as memorias, as recordações, as passagens ao passado ilusório
Não o há! O que há, é este instante, esta explosão de momento em momento
Uma vida que nasce, dentro de outra, da nossa
Caminho em pés calejados
São as pedras agora um carinho
As dores em flor
Os choros em riso…em riso
E os amores em infinito
Ideias são pedaços que fazem cordas
Por onde subimos
O natural da vida é irmos…é morrermos
Ser o conteúdo do imenso ao vazio
Alegrai-vos, pois nada
É impossível!!!
sinais do (in)possivel
A pintora cega ao mundo das palavras ou o mundo das palavras cega à pintora?
Ela sabia quando a luz estava
E quando a luz da noite entrava
Cega num sentido justo, de uma contrariedade ser a razão e sustento do seu inverso
Ela sabia todas as cores como paladares, um mestre fragmentado nas possíveis misturas e momentos.
Momentos condutores de grandes eternidades
Simples…como alcançar a tela, uns tímidos perscrutam, outros planam sem saber o porque
Vestia o mundo ao qual cegava, ao que o mundo não podia ver
Tais sentidos, as palavras quedam-se ombro a ombro
O balanço de poucos tem o valor da altura
E isso, é também o que dura, como a pintura, com a irmã perspectiva
De mostrar que aquilo que nos segura, é uma semente na sua luta
Ora a luta é permanente
Não é a pintora que nega, nem o mundo o exige
Pois os dois são a mesma estrada e ambos peões
Barcos em luz
Ave tecido silencio
A vontade é improviso
Todos nós em cada movimento, a tinta como sangue vai levando o necessário,
Algo vive, que parecendo distante
Somos nós de perto
Alturas subtis fazem uma imagem, uma colocação existencial
Sabia…que o impossível é também tela
O mundo não nega, porque não vê
O evidente é a subtileza, de o mundo ser toda esta gente estranha
Que nunca se conheceu
domingo, 13 de abril de 2008
caminho
algo que o lembrasse por onde não voltar
somos assim..caminhos únicos
unidoa de um extremo
ao outro sem extremo
implosões constantes
magnética substancia de ser apartado
mais dentro Hà que fora
fora de nós
lembrar-me deste agora
saber como "o que se afasta"
o que deixava pistas
não voltaremos a ser como fomos
mas não ser... nada de alguem...
uma chama, uma chama imensa no escuro
quinta-feira, 6 de março de 2008
um grande pequenito
a meus pés
sei agora e outra vez
algo maior engolba
estes maiores pensamentos
e eu sou mais o que não vês
o sorriso cresce livre
sabendo mesmo da desvastação
senão..estariamos sempre tristes
de algo terminar
e olhando os fragmentos
mudos a meus pés
transmigro para eles
domingo, 17 de fevereiro de 2008
copa,tronco e membros
e tomando por punho....
"Ainda" decidiu subir a uma árvore e fundir-se com ela
e com a sua permissão, é claro!
esclareceram as regras e "Ainda" subiu até ao meio da árvore alta e densa, esticou-se ao comprido sobre um ramo solido, ficando com os pés em contacto com o tronco-mãe.
a fome de boca desapareceu e tantas mais preocupações
não sendo justo o que come e o que não comeu
"Ainda" sentiu que antes dessa decisão foi abussivamente auto-controlado, numa impressão de ser um inteiro mas com pouca imaginação
o que habita "Ainda" é esta estranha sensação de ser o que não supôs sequer possivel
o ramo, o corpo de "Ainda" e toda a árvore se conjugam, distribuidas as feições desta nova "será aqui" levando o tempo necessário
"Ainda" é agora raizes, as copas, as flores e os frutos, é tambem a árvore que se diz o ter aceite
localizar hoje "Ainda" na árvore é dificil...pois parece estar em todo o lado
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
sem o ser
a mim se o sou
ninguem responde
será isso a resposta?!
mereço isso?! deixo-me cair como folha, como pó, algures irei dar..
damos como certo o inevitavel, e nunca o acontecer espontaneo e livre do julgar
abrigo-me da trovoada
no despido lugar
eu sei...se não sou a entrada
sou o que entrou
e assim brinco-me
ando na gandaia do mundo
choro..e porque não?!
se posso, se me posso a isso
agarrem-me apenas o corpo
pois eu sou praticamente
etéreo.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
despiste
era um meio estranho e peculiarmente mexido, mesmo que surgisse na mais estática das existencias...haverá disso?!
e isso era diluido na verdade tornando-se imediata de anti e pró significado e tudo sorria com a tristeza, assim percebeu outro despiste de que voltava, continuava a chamar-lhes despistes mas era o oposto, era um voltar ao caminho.
após o despiste´, o retorno..a dualidade..as duas rodas da sua cadeira, suportes, um mundo de suportes.
sentiu o sol entrar na sua pele e espalhar-se pela sala agora iluminada, e á vista todas as coisas da luz...nós, os outros, os objectos e nós de volta.
tinha convidados...alguem ou alguns, uns ou umas, vinham agora em sucessões, como visitas como realidades feitas de outras.
os seus sentimentos materializavam-se e adquiriam volume e forma...de maneira a ser visivel, todos festejam e choram
- Devem ser coisas minhas...acrescentou a União das coisas, sempre orgulhosa e angustiada, ansia própria da mâe das mães.
A compreensão chegava de manso, era sempre ou fazia por isso, de se atrasar, recorrendo ao lado meticuloso do sentir a mulher dos seios invulgares...pois acolhia-os a todos, a todos sem expeção ou com alguma dela.
quando Caifundo percorreu a sua imagem pelos olhos dos outros, pelos seus apareceres em todos os presentes e viu-se na cadeira de rodas aberto e sentido...
Deram as boas vindas á Compreensão que agora fazia sentir os seus efeitos...porque se sabia por todos e nunca de um só..mas foi a de um só que fez Caifundo aqui Chegar
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
a frente cristalina da imagem auditiva
a luz...indo e vindo sem laterais
vivemos este mundo em suposições,
em cálculos de médias imprecisas na localização do sentido
Mares inteiros afunilam-se...o fluxo dobrado das marés
tempestades direitas, paredes giratórias do Achar
perdi-me no certo de errar
e são agora as portas
buracos de fechadura
parte fina
adormeço no dia e ando sonâmbulo na noite, mato-me deliberadamente de olhos abertos
o amor trancou-me por dentro e com a chave no bolso esqueço-me que existe uma porta
lentamente aproximo-me da distancia para com os outros
e do mesmo modo afasto-me para mais perto da ilusão
estico até perder volume a minha co-consciência
dispersos
Mais sentidos?
Eles juntam-se, criam outros e imaginam outros tantos, não há sentido para isto, não poderá haver!
Só se e somente se o sentido for o nada.
Abro-me lentamente…
Que acaba por ser uma escolha
De sentir por esta abertura pequena
O escoar de uma eternidade.
Vivo livre na tamanha expansão do meu ser…
Mas tudo ao meu toque é uma bola de sabão.
Prossigo nos dias, sem saber mas sem temer.
Sou justo e cruel, gentil e rancoroso
Não me julgo demais, e tento não subjugar ninguém.
Espero andando que a vida disponha do meu ser