sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Meio Dia

Meio dia de sol, os passos desmedidos pela saudade de regressar, veste no andar tecidos níveas transparentes que transbordam no olho simpático o amor, larga o cordão hoje gasto de nada agarrar no extremo de uma esperança que não vê cores no tempo insistente em tocar um sino que já ninguém ouve, meio dia de só faltar meio dia para esquecer que um dia existiu, para trás nunca há nada.

Machado Sorridente

Escorrega na minha mão o machado sorridente da fúria, do ódio ser a mensagem tão bem percebida por quem a usa, escorrega este machado sem ter decepado os corpos translúcidos da podridão a contra-luz, contra o muro da contenção jurídica, aglomerando o sangue agora sem dono, escorrendo pelas fissuras doces do tempo.

Tempo limpo por horas de dores de gritos que nem o mocho da noite, ele também cansado de deitar pistas nas pistas das provas encobertas por descobertas fracas de parecerem elas, elas que adornam o juízo do comportamento normal, de ser normal adentro do absurdo que ela só por si…representa, se representa nunca pisou este palco que piso eu, de machado a escorregar ao chão sem ter feito o longo e alto gesto em silêncio, e percorrer num assobio apressado pelo espaço que o tempo abre...abre o machado sorridente no corpo, a divisão do concreto, que rebola desengonçado o ridículo.

o ciclo não se quebra, haverá sempre um filho da puta muito igual a nós, que merece tanto a comida que caga como a vida a morte, nascerá com o espaço aberto no tempo das oportunidades, do poder apenas ser, o que se impõem aos outros, poder é contornar as leis silenciosas do intelecto não do que é humano, mas propriamente do que não o é, poder, é poder calar as bocas até se preciso for de comer, de modos diferentes se calam muitos, uns por que discutem, outros porque iludem escutar, e entre o dizer e o que só se diz, vai a distancia que a fome sempre resolve.

escorrega por entre as minhas mãos o machado sorridente de sonhar matando todos os podres do tempo existente, ri talvez de mim por não erguer o seu reflexo à goela da ignorância, mas matar conceito por conceito é substituir os dois por um novo, ri talvez por saber que não sou capaz, matar apenas para resolver não é cabido, ri talvez por mim, vendo-me triste de sentir o hipnótico ver, mundos vaporizados segundo a segundo como nada fossem para quem os vive, destruição é criança que avisto nos actos pendurados dos homens que são mulheres também, o sexo é angelical nestes assuntos...quem comer desse conceito arrisca-se a um estado de azia permanente perante a carne.

ri talvez por ser a minha mão e não a minha vontade que o segura

e ri eu sei, de mim.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011


empurro memórias redondas de prazer, na palma das mãos memórias do teu ser, empurro histórias e poemas de um verso só...nesta superficie o mundo cresce sem saber, empurro os limites os tiques de temer, empurro a liberdade para o lado da revolta, haja pois revolução, tenha eu na escuridão não luz, mas tacto.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

sina pse


o mar borbulha solidão, vagueando o meu olhar, um galope ondulatório das horas vazias do meu descontentamento, prego-me numa outra cruz, a imitar o sacrificio, o sol vibra, ganhando cores rubicundas, existe nele a cara suave do teu brilho, que mergulha na linha do horizonte, temporária, impressão que tudo morre e desaparece, quando fica o teu transpirar, as nuvens beijam-se aumentando em mim a pesada espada do desejo.