Na estupidez do costume, “Malmorto” pegou pela parte mais quente o sentimento individual da sua personalidade.
Afinal de contas Malmorto já não sofria por gozo, ele era gozado pelas suas emoções, que o consumiam sem penas ou misericórdia, pegou então na parte mais quente do seu pensamento, um jubilo com cheiro a mofo, os sentires já vinham embrulhados, disfarçados num gosto que ele conhecia dos tempos do xarope com sabor, aquando das enfermidades.
Nem uma e unica emoção o atingia em primeira mão, Ele desconfia...que mesmo optando e levando a vontade às acções...parecia que apenas escolhia o oferecido.
No Entanto “Malmorto” era o conteúdo e vontade de “Terceiros”, estes “Terceiros” serviam uma grande empresa, ninguem os via, e se apareciam não se apresentavam como “Terceiros”, nestas alturas, como o perfume grande demais para se resumir por palavras, quando questionados, respondiam:
-Eu!!!
Malmorto era um país invadido, um escravo que podia comer o que lhe mandassem comer, o que lhe colocassem no extremo da linha com que pescava, tardava a sua crua alegria que nunca viu.
Em luta germinava...coisa ainda por dizer.
Os “Terceiros” alegravam-se com o seu sucesso, o seu fácil progresso, que logo, o tomaram por bicho de estimação, acarinhando-o com um nome, o de “Malmorto”.
Por parecer como os outros, lento, absorto, espelhando uma inanição prolongada, um vivo com tiques de morte, um mal-morto.
Este tinha-se mostrado mais vivo, mesmo subjugado, merecendo por parte dos “Terceiros” uma celebração. Este era sem duvida o mais carismático de todos os seus anteriores, que por não mostrar aquela angustia que é normal dos vivos, de consciencializar a perda da vida por uma perda maior.
Portanto, “Malmorto” tinha um nome, um nome que não se dirá!
Ainda agarrado à parte mais quente do sentir, e mudando lentamente a tensão...apertando esta estranha primeira vez, proferiu com a mão em fumo quente, pingando sangue que já foi corrente....
-“Malmorto” sou eu?!
Aqui!!! Neste ponto...os “Terceiros” gelaram toda a sua emissão, contraindo-se atomicamente, mirrando nos seus gritos, confusos, de tal emoção ser dita nas palavras que nenhum dos “Terceiros” escolheu. A sua obra-prima tinha-se tornado a sua própria guilhotina.
Ainda em agonia os “Terceiros” procuravam uma resposta para toda esta traição, inesperadamente algo familiar aconteceu, algo que sendo novo, fosse, já seu.
E ainda antes de serem o que nunca foram, os “Terceiros” aterrorizaram numa eternidade etérea, própria do esquecimento, que mesmo esquecido o É, no pensamento uma parte.
No mesmo instante, o nome do que usa “Malmorto” suava ao calor escaldante da parte mais quente do sentimento, o sangue, o fogo, a dor de sentir a mão.
Em primeira, a sua, em segunda, a primeira, a voz que lhe saltou de uma nova altura, no instante que pousava sobre a mesa, a ponta mais quente do que sobrou desta luta desigual, de se julgar que se é, com aquilo que se pensa ser, sem notando que esta ultima, é produto, está feito, já fabricado, que vem já simulado de Uno com a vontade genuina
“Malmorto” tinha reparado em si, o que viu Ser, uma peça controlada num jogo sem regras, a parte mais quente de um pensamento, aproveitado por “Terceiros”, implacáveis no seu desmedido interesse de tornar o livre Fluxo em anda-mento, espremendo apenas o necessário para a boca do faminto.
“Malmorto” ou o Nome de quem o É, apenas o foi para os “Terceiros”, que com a sua vaidade de existir aos ombros de uma sombra, uma voz que não a sua, escoaram pela garganta áspera da manipulação até às margens da loucura.
O que agarrou a parte mais quente da iniciativa, daquela tão fingida emoção criativa.
Queimou-se por continuar, continuou a queimar, até saber por si, que nome, o nome que tinha.